Apesar de ser uma pessoa de origem muito simples, graças aos estudos, sempre me considerei um ser modernizado. Jurava, de pé junto, ser avançada.
Como me enganei.
Um fato, recente, me fez ver, claramente, que, em determinados aspectos, estou nas antigas. E, mirando bem a situação agradeço, a Deus, por ser assim.
Lembro-me que, quando garotinha e adolescente, tinha uma timidez das brabas. Sabia que carregava potencial dentro de mim, mas, este, se mantinha inibido. Entretanto, com o passar do tempo, fui me envolvendo em atividades que me fizeram vencer este obstáculo. Especialmente, no trabalho, uma vez que lido diariamente com público. Tive que soltar a língua. Pois, uma pedagoga, que se preze, tem muito o quê e com quem falar. Então, depois que a minha língua libertou-se, não há mais quem a segure. Até gostaria, muitas vezes, de mordê-la pra evitar certas situações. E, é nisso que venho me empenhando. Controlar minha língua solta, que é tão livre quanto minha alma.
Contudo, foi exatamente, por causa dessa danada, badalenta, que me meti numa roubada. Isto por ter me tornado, uma pessoa extrovertida, de bem com a vida.
Sou muito curiosa, por isso me mantenho antenada com ferramentas contemporâneas. Usando o terreno do pensar, vou dedilhando daqui e dali e saio abrindo portas na era netiana. E foi neste dedilhar que conheci chats, msn, entre outros. E, gosto de conhecer pessoas, conversar, trocar idéias. Além de tornar reais algumas amizades virtuais. Colecionar amizades é tão bom quanto, figurinhas, quando criança. Hoje, em virtude, de cinco espaços online, me limito a teclar, às vezes, com pessoas que já conheço.
Mas, me parece, que no mundo contemporâneo, especialmente, o dos relacionamentos virtuais, as amizades ganharam cores. Portanto, as tão conhecidas: amizades coloridas. Bom, independente do veículo condutor, elas sempre existiram, e, aparentemente, ganharam um colorido mais extravagante, agora. Interessante, é que, se você é tripulante deste espaço, parece que em seu passaporte está escrito: quero colorir minha amizade. Figa!!! Tenho nada contra não. Só creio que prudência ainda é uma ação que está em voga.
O fato é que perdi um amigo por isso, sendo acusada de dar falsas esperanças, apenas por eu ser alegre e encarar diálogos com naturalidade sobre assuntos inerentes à vida. Agora pergunto: eu tenho culpa de ser feliz, se minha vida é pintada com cores intensas, mesmo fazendo parte de uma pequena ponta do mundo, onde ainda há certo equilíbrio nas relações familiares?
Bom, posso até ter, quem sabe por estar no lugar errado. Não sei ao certo. Entretanto, ver uma amizade – algo sagrado para mim - se esvaindo pelo ralo por falta de um colorido. E, ter que acenar tchau pra minha modernidade não é nada fácil. Fico imaginando, se por acaso, eu resolvesse colorir as amizades que tenho, iria faltar tinta. Logo eu, que luto por um colorido universal. Pegar todas as cores só para mim é de mais da conta. É quando me vem à mente uma questão pertinente sobre a inteligência humana. Será que ela também está indo ralo abaixo?
Fica a pergunta no ar. Mas eu, sinceramente, vou continuar acreditando em amizade entre sexos opostos, sem, necessariamente, ter que tingi-la. Enquanto isso, sigo, tentando quebrar alguns paradigmas envernizados. Se vou conseguir, não importa, pois o que conta, é a minha autenticidade.