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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Eu, das antigas?!



Apesar de ser uma pessoa de origem muito simples, graças aos estudos, sempre me considerei um ser modernizado. Jurava, de pé junto, ser avançada.
Como me enganei.

Um fato, recente, me fez ver, claramente, que, em determinados aspectos, estou nas antigas. E, mirando bem a situação agradeço, a Deus, por ser assim.

Lembro-me que, quando garotinha e adolescente, tinha uma timidez das brabas. Sabia que carregava potencial dentro de mim, mas, este, se mantinha inibido. Entretanto, com o passar do tempo, fui me envolvendo em atividades que me fizeram vencer este obstáculo. Especialmente, no trabalho, uma vez que lido diariamente com público. Tive que soltar a língua. Pois, uma pedagoga, que se preze, tem muito o quê e com quem falar. Então, depois que a minha língua libertou-se, não há mais quem a segure. Até gostaria, muitas vezes, de mordê-la pra evitar certas situações. E, é nisso que venho me empenhando. Controlar minha língua solta, que é tão livre quanto minha alma.

Contudo, foi exatamente, por causa dessa danada, badalenta, que me meti numa roubada. Isto por ter me tornado, uma pessoa extrovertida, de bem com a vida.

Sou muito curiosa, por isso me mantenho antenada com ferramentas contemporâneas. Usando o terreno do pensar, vou dedilhando daqui e dali e saio abrindo portas na era netiana. E foi neste dedilhar que conheci chats, msn, entre outros. E, gosto de conhecer pessoas, conversar, trocar idéias. Além de tornar reais algumas amizades virtuais. Colecionar amizades é tão bom quanto, figurinhas, quando criança. Hoje, em virtude, de cinco espaços online, me limito a teclar, às vezes, com pessoas que já conheço.

Mas, me parece, que no mundo contemporâneo, especialmente, o dos relacionamentos virtuais, as amizades ganharam cores. Portanto, as tão conhecidas: amizades coloridas. Bom, independente do veículo condutor, elas sempre existiram, e, aparentemente, ganharam um colorido mais extravagante, agora. Interessante, é que, se você é tripulante deste espaço, parece que em seu passaporte está escrito: quero colorir minha amizade. Figa!!! Tenho nada contra não. Só creio que prudência ainda é uma ação que está em voga.

O fato é que perdi um amigo por isso, sendo acusada de dar falsas esperanças, apenas por eu ser alegre e encarar diálogos com naturalidade sobre assuntos inerentes à vida. Agora pergunto: eu tenho culpa de ser feliz, se minha vida é pintada com cores intensas, mesmo fazendo parte de uma pequena ponta do mundo, onde ainda há certo equilíbrio nas relações familiares?

Bom, posso até ter, quem sabe por estar no lugar errado. Não sei ao certo. Entretanto, ver uma amizade – algo sagrado para mim - se esvaindo pelo ralo por falta de um colorido. E, ter que acenar tchau pra minha modernidade não é nada fácil. Fico imaginando, se por acaso, eu resolvesse colorir as amizades que tenho, iria faltar tinta. Logo eu, que luto por um colorido universal. Pegar todas as cores só para mim é de mais da conta. É quando me vem à mente uma questão pertinente sobre a inteligência humana. Será que ela também está indo ralo abaixo?

Fica a pergunta no ar. Mas eu, sinceramente, vou continuar acreditando em amizade entre sexos opostos, sem, necessariamente, ter que tingi-la. Enquanto isso, sigo, tentando quebrar alguns paradigmas envernizados. Se vou conseguir, não importa, pois o que conta, é a minha autenticidade.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Traumas



Sem perceber, a vida vai nos colocando em situações complicadas que, mais na frente, percebemos que estas deixaram marcas para sempre. São os tão falados traumas que a Psicologia explica muito bem. Trauma: Desagradável experiência emocional de tal intensidade, que deixa uma marca duradoura na mente do indivíduo. Os psiquiatras acreditam que as experiências traumáticas ocorridas, na infância, levam, às vezes, à manifestação de sintomas neuróticos posteriores. Experiências emocionais ocorrem na infância de qualquer pessoa e, certamente, produzem efeitos na personalidade adulta. O estudo desses traumas, ocorridos na infância, desempenha importante papel no tratamento psiquiátrico que se dispensa às pessoas emocionalmente doentes.

Comigo carrego alguns traumas, na medida que vou estudando, vai melhorando a minha compreensão sobre eles. Um que muito me incomoda é com relação aos números, lembrar datas... Fui reprovada na antiga 8ª série, hoje 9º ano, em Matemática. E como sempre fui muito estudiosa, por mais que tentasse menos entendia de raiz quadrada. Minha cabeça de redonda passou à quadrada e nada me ficou deste assunto. Aliás, têm assuntos que estudamos em nosso período escolar que, sinceramente, não sei onde aplicá-los na vida prática. Isto porque falta, aos mestres, condições pedagógicas de demonstrar, na prática, a aplicação daquele conhecimento e, o cérebro, como é muito seletivo, só guarda àquilo que tem utilidade na vida real, o resto vai tudo pra lixeira. E como escoa conteúdos pra essa lixeira, pois, se fizermos uma rápida recapitulagem no amontoado de regras estudadas e não aprendidas nos deparamos com uma tonelada de lixo.

Infelizmente, muitas escolas, ainda funcionam à parte da vida do aluno. Por isso tratam de assuntos que – futuramente - o aluno vai precisar para o vestibular. É uma pena, pois a vida é o aqui e agora, então difícil acumular conteúdos sem significações. O ideal seria que os mestres fossem trabalhados, nas universidades, como transformar as informações em conhecimentos reais. Mas como? Se, boa parte, dos mestres das universidades também não sabem como fazer. Daí uma cadeia de papagaios repetindo fórmulas sem saber interpretá-las, só decoreba desnecessária. Segundo Rubem Alves “a escola dá ferramentas aos alunos, mas não os ensina como utilizá-las.” Eis um desfio aos mestres: ensiná-los a usar as ferramentas.

Com isso quero chegar ao ponto do meu trauma: detesto números. Como? Se estes fazem parte do nosso cotidiano... Era pra sentir prazer em lidar com eles. Mas por incrível que pareça, às vezes, esqueço quanto é dois mais dois. O pior é que esqueço tudo quanto é data de aniversários, até do marido e filhos; eventos então. O curioso é que, geralmente, me programo com antecedência, mas na hora esqueço. Como foi na última sexta-feira, quando esqueci o lançamento do livro do meu querido conterrâneo Raimundo Antônio. Estava toda programada e memória falhou. Isso me deixa muito brava comigo mesma. Mas não tenho o que fazer. Agora vou ter que anotar e, mesmo assim, não garante sucesso.

Este trauma me serviu de alerta, pois, desde que entrei para a educação, procuro trazer os conteúdos o mais próximo possível da realidade dos alunos. Especialmente procurando desmistificar que a matemática é um bicho de sete cabeças. De sete cabeças é a maneira como esta é ensinada nas escolas.

Mas espero que este quadro mude, afinal há muitos estudos e experiências sobre novas técnicas de ensino, envolvendo atividades práticas, com os mais variados instrumentos pedagógicos, que tornam regras em conhecimentos palpáveis. Como exemplo, posso citar o trabalho interdisciplinar entre as áreas de conhecimento, que, quando bem feito, é possível ao aluno em um texto destacar assuntos que permeiam várias disciplinas.

Portanto, já vemos luz no fim do túnel com as práticas modernizadas – atividades simples - de alguns mestres. A quem parabenizo aplaudindo de pé. Pois, estes, não enferrujaram no tempo, mas sim, avançam com ele. Estão constantemente estudando e procurando se modernizar. E, são, exatamente, estes mestres que conseguem manter seus alunos em sala de aula, sem se sentirem cansados. Suas aulas não são exaustivas, tendo como recurso pedagógico apenas o quadro e o giz. Elas extrapolam janelas e portas das salas de aula; pulam os muros da escola, mesmo os alunos estando sentados em sua carteira. Porque são aulas instigantes, que fazem os alunos usarem o mecanismo do pensar, desenhando suas próprias idéias no painel de suas mentes. Estes, são mestres que estão cumprindo com a verdadeira missão de educar: fazer com que seu aluno veja o mundo através da lente de seus olhos; descubra o seu potencial, para poder garantir seu lugar de cidadão no mundo.