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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A pedagoga de Deus



Hoje amanheci com uma idéia muito louca, pra variar. É que minha cabeça está sempre pensando de mais. Parece uma fábrica ligada direto – exceto quando durmo -, produzindo imagens de acordo com minhas convicções. Até mesmo quando durmo, sonho com as imagens, que ela produz, se concretizando. Então penso que a minha cabeça é uma máquina de produzir sonhos possíveis. E, eles saem fresquinhos das máquinas em formatos diferentes, porém com asas, pra ganharem o mundo das possibilidades.

Pegando carona em minhas idéias, me veio à mente, que Deus controla a fábrica dos humanos. Cada um ser que nasce, recebe seu carimbo de validade e responsabilidades. E, quando nasci ele me selou com o carimbo, em letras bem grafadas, de educadora. Vim, ao mundo, pra contribuir em tornar mais amena a ignorância humana. Esta, que, a meu ver, é o maior mal que assola este mundo. Quanto ao meu prazo de validade, espero que seja longo, pra eu poder realizar a missão que me foi incumbida. A qual, faço com muito prazer e convicção. Por saber que posso até não conseguir mudar o mundo, mas posso, muito bem, dar o melhor de mim fazendo a minha parte.

Portanto, se eu conseguir tirar a venda de alguém que esteja na luta comigo. Este já verá também a possibilidade de fazer bem a parte dele. E, segue uma cadeia de boas ações, que, quem sabe um dia, ela se encontre, de mãos dadas, numa longa roda ligante.

Bom, mas muitas inquietações revolvem minha alma. Pois, se ao nascermos recebemos nosso carimbo de validade e responsabilidades, parece que muitos, de imediato, retiram e jogam fora o segundo carimbo ou etiqueta. Aja vista que esquecem a que vieram neste espaço terreno. Isto porque passando os olhos em nossa realidade, de uma maneira geral, encontramos tanta coisa fora do lugar, que, acredito nunca ter visto o carimbo de responsabilidades de Deus.

E, trazendo esta realidade bem próxima a mim, para o setor educacional, onde trabalho, aí é que se acentuam as barbaridades catastróficas. Ora, sendo a escola uma instituição formadora de opinião de massa, acredita-se que esta tem uma influência direta na vida dos educandos, que buscam nela, conhecimentos, valores, e por que não dizer, asas para seus sonhos. Então por que será que encontramos tantos anjos com asas atrofiadas? São tantos os jovens sem nenhuma perspectiva de vida, que frequentam bancos escolares como quem vai à pracinha, do seu bairro, apenas para conversar com seus colegas. O que está acontecendo com os educadores que receberam o carimbo de responsabilidades de Deus? Ah, havia esquecido que muitos o jogam fora. Deve ser muito pesado desfilar com ele em meio a um público voltado apenas para seus umbigos. Que pensar no outro, querer o bem do outro é realmente algo fora de moda. É grife não usada mais.

Sei perfeitamente que no mundo dos contrários, o qual vivemos. Ser ético, cumpridor de seus deveres e responsabilidades não é fácil. Parece até ser crime, porque cumprir seu expediente envolvido, responsavelmente, com as atividades que lhe compete, nos dias atuais é receber um carimbo social de ingênuo. Já que o correto é fazer vista grossa às responsabilidades, engolir o tempo do aluno, ou enchê-lo como se fosse lingüiça. Porque, na verdade, o aluno de hoje não quer nada com a aprendizagem. Aí, já taxamos outro carimbo, em nosso aluno. E assim a vida segue sendo carimbada em diversas situações.

Interessante é que, este aluno, que não quer nada, quando os três primeiros horários de aulas são vagos – o que é uma constante em nossas escolas - ainda é capaz de esperar pelas últimas aulas daquele professor que honra o carimbo de responsabilidade que recebeu, ao nascer, de Deus.

Minha alma, inquieta, se pergunta: o aluno não quer nada, ou deixamos o nosso carimbo de responsabilidade lá atrás, em uma encruzilhada de nossa estrada. E, junto a este carimbo, estava a nossa vontade de manter-se estudando para compreender melhor a si, aos outros e as exigências sociais. Ficou pra trás também todos os resquícios de pensar coletivo; de valorização universal do ser humano. E, a coragem de lutar por um mundo habitado por cidadãos.

Portanto, este texto que escrevo pode ser visto muito bem como coisa vinda da cabeça de alguém louco, já que trata de assuntos de ações escassas em nossa realidade. Ações essas, que nem exigem grandes esforços. Basta querer para os outros, o que queremos para nós mesmos. O bem contagia e respinga o mundo de amor.

Para se fazer o bem, nem é necessário sermos bonzinhos, basta autenticar o carimbo de responsabilidade que ganhamos ao nascer. Ele é passaporte para a realização pessoal e profissional de todo ser que trafega nesta espaçonave. Uma vez que a vida é o agora, cabendo-nos fazer valer a pena o acontecer. Plantar sementes boas para colher frutos sociais saudáveis. Afinal, não estamos sozinhos no mundo. Por isso, se faz necessário à felicidade dos outros para complementar a minha, a nossa.

E, sabendo do poder da palavra, vou usando-a para edificar castelos humanos, em ruínas, por tanto ouvirem palavras desanimadoras que arrastam-nas para longe de sua essência.

Agarrada ao meu carimbo de responsabilidade: comigo, com os outros e com o mundo, sigo em minha nave perfumada de esperança – a flor mais bela – disseminando a possibilidade de fazermos melhor a nossa prática pedagógica. Dentro dos princípios morais e éticos. Pois, sou convicta que é possível uma escola, sedutora, abrir as portas de cada vida que por ela se introduz ao mundo, através da pedagogia de Deus. E vou, aos poucos, conseguindo adeptos; colhendo flores, onde, antes apontavam espinhos pontiagudos. Isto, entre alunos e equipe escolar. O que reforça minhas convicções: todo ser humano é bom e necessita ser visto assim. Portanto, valorizá-lo; dar-lhe oportunidade para desenvolver seu potencial; respeitá-lo pela importância que tem. São ações primordiais que poderão contribuir para a mudança de cara deste louco e belo mundo.

Meu amigo juazeiro



Quantas saudades a vida nos traz. É inerente ao ser humano essa pontada gostosa chamada saudade.

Saudade tem sabor e cheiro.

Felizmente, não tenho saudades amargas como jiló. Todas as minhas, têm sabores especiais. Até mesmo as saudades de pessoas queridas que já passaram para outro plano. Como é o caso dos meus avós e minha mãe.
A saudade que sinto do meu avô, paterno, tem sabor de quero mais. Homem simples, do campo, porém, amante das letras. Por isso desenvolveu sabedoria que foi muito útil à sua vida e a dos outros. Pois, onde morava, era o sábio do lugarejo. Era convidado para usar os seus conhecimentos até quando alguém estava preste a morrer. Já a saudade da minha avó, paterna, é, talvez, a mais doce. Pela sua ternura e carinho comigo. A, do meu avô materno, tem um gosto acentuado, forte. Homem trabalhador, incansável. Posso até dizer que a saudade que sinto dele tem gosto de ferro, encontrado no grão de feijão. Já da minha vovozinha, materna, sinto saudade perfumada: mulher vaidosa, bonita. Sempre cheirando a sabonete alma de flores e colônia Charisma. Posso estar em qualquer lugar, sentindo essas fragrâncias, volto no tempo e reencontro-a. E, da minha mãe sinto uma saudade com gosto consistente: mulher guerreira, determinada.
Todos já se foram, mas deixaram cravados em mim, suas marcas. E, não me queixo a Deus, por tê-los levado. Nem mesmo por minha mãe ter ido tão cedo. Porque acredito que, como temos de dia de chegada, temos também o da partida. Creio ser a morte uma passagem para um outro plano. O qual, espero eu demorar muito tempo pra pisá-lo.

Além das saudades de pessoas, sinto também saudades de coisas que marcaram minha vida. Como sou filha única e morava em sítio, sempre usei as asas da imaginação para fazer longas viagens. Especialmente, quando subia, no lombo, do meu amigo juazeiro - planta ramnácea brasileira – do nordeste.

No quintal, aberto, de minha casa, com braços fortes e verdejantes, descansava um velho juazeiro. Junto a ele, havia uma linha grossa - de carnaúba – que se estendia do chão aos seus grossos galhos. Minha escada preferida! Incontáveis foram as vezes que subi e desci, escalando meu amigo frondoso. Bastava a emoção querer despontar as asas, que, lá estava eu, entre as folhas companheiras. E, se fazia uma peraltice que zangava a minha mãe, escalava-o tão rápido, evitando assim uma sova. E lá, ficava esperando sua raiva passar para eu poder aterrissar.

Quantas viagens fiz, na copa daquele meu amigo imaginário. Personagem importante no mundo infantil. Que, de acordo com a Psicologia, os amigos imaginários podem surgir de dois modos: amigos invisíveis (que ninguém pode ver) e, objetos personificados (com os quais a criança interage como se fossem humanos). Um amigo imaginário pode ser qualquer coisa, e até não ser nada de concreto - simplesmente estar ali, para a criança e os personificados são aqueles que geralmente falamos que são os “anjinhos”, protetores da criança. Não importa aqui as explicações místicas, religiosas ou metafísicas para estas relações infantis, manteremos o foco é no respeito e na maneira com que esta criança se relaciona e interage com o amigo imaginário e o que está conversando com ele: são aspectos saudáveis ou são aspectos que estão adoecendo a criança? Está afastando-a da realidade? Está colocando-a em risco? etc. Estes dados que precisam ser observados e considerados pelos pais para depois tomarem alguma atitude, se for necessário. Na verdade estas estão na fase do faz de conta. Fase que pode ocorrer, aproximadamente, entre os 3 a 6 anos de idade.

Os pais, inicialmente, não devem dar muita importância a este acontecimento. Entretanto, se ele persistir até à pré-adolescência então, nesse caso, é interessante consultar um profissional de saúde.

Hoje fico imaginando quem são os amigos imaginários das crianças contemporâneas: computador, vídeo games. Máquinas que já trazem as respostas prontas, acabadas. E, na velocidade que atuam, como a criança vai ter tempo de processar essas informações; imaginar; reconstruir; viajar na criatividade?

Que saudades meu velho e querido juazeiro. Que saudades de minha infância saudável em chão de terra: torrão nordestino. Longe do concreto empilhado, sem ruas pintadas de asfalto, longe da prisão em grades, feito pássaro emgaiolados e sem espaços limitados por lnhas de concreto.

Celebridade




O mundo vem mudando em passos rápidos. Observo que estão mudando costumes, conceitos, valores. O conceito de celebridade em nosso país, hoje, aplica-se aos atributos siliconados; corpo perfeito e voz muda; inteligência atrofiada; visão restrita de mundo. Assim, calam-se as aves de cantos melodiosos, castram as asas das borboletas coloridas, e, só escutamos o lamento do vento.

Vendo, na televisão, a busca pelo paradeiro do Belchior. Feliz fiquei quando este foi localizado ontem (30.08.09) no Uruguai. Este, surpreso, por estar sendo procurado. E, mesmo sorridente disse não entender o porquê da procura, pois ele não é celebridade. Deu até pra sentir uma ponta de ressentimento em sua voz.

Lamento a televisão brasileira, empenhar seu trabalho para mexericar na vida das pessoas, ao invés de ser um agente para elevar os grandes nomes dos nossos artistas. Pois todas as perguntas indiscretas fizeram ao Belchior, mas esqueceram a principal: se ele estava bem. Que importância tem as contas que uma pessoa deve, se ela está se escondendo, fugindo. Cada um tem seus motivos para momentos de reclusão. E, acredito que, a própria mídia, se encarrega de fazer a sua parte negativa para afugentar os grandes nomes de compositores e músicos brasileiros. Pois, quando esta põe em destaque as celebridades siliconadas, camuflando a cultura, engasgada, nas gargantas de tantas potencias. A estes cabe isolar-se, de tanta vergonha. E vão procurar apoio em terras estranhas, já que são escorraçados na sua.

E assim acontece com tantos, que seria impossível relacionar aqui. Quantas vozes caladas; pensamentos deletados; idéias levadas pelas ondas do mar; ideologias castigadas.

Por isso ecoa em bom som: que mundo é esse que despreza grandes talentos e enaltece a cultura do rótulo sem conteúdo? Apenas embalagem elegantemente vazia. Cadê o respeito aos que tem conteúdo de sobra para apresentar e representar, no mundo, o nosso tão castigado Brasil.

É, meu caro e grande poeta Belchior, aqui se vive a inversão de valores, onde o bom é ruim e vice-versa. Entretanto, em nós bate um coração cheio de amor. Por isso sabe distinguir o bom do ruim. E, você é parte da boa música popular brasileira.

Foi com você que descobrimos esta frase de amor: “foi por medo de avião que eu segurei pela primeira vez a sua mão” e também conhecemos o rapaz latino americano cheio de sonhos e com pouco dinheiro no bolso. Quem sabe se você tivesse tido parentes importantes, hoje, poderia contar outra história. Se é que você gostaria de contar diferente.

Bom, o fato é que você estar vivo e bem, ao lado de sua esposa, buscando desenvolver seu trabalho em paz, longe do país que deveria te por em berço esplendido pela grandeza que és. Quem sabe, outro país mais esperto, não te descubra e te dê o valor que você merece.

Aqui sempre vai ecoar suas melodiosas canções de amor, esperanças, saudades e questões sociais. Pois, você soltou seu grito ao mundo e quem ouviu jamais o esquecerá. E quando voltar a terra dos contrários certamente muitos estarão de braços abertos para recebê-lo.