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sábado, 17 de setembro de 2011

UM AMOR PARA RECORDAR




Debruçada sobre seus pensamentos Maria, abraçada às suas melhores lembranças, as acariciava. Era impossível se desfazer de cada detalhe já vivido. Portanto, a cada um lhe foi reservado um espaço perfumado com aromas diferentes. Tantos cheiros espalhados em sua mente, que a fazia sentir o gosto de cada encontro com seu amor. Um amor intenso e indesejadamente fugaz. Que escorria entre seus dedos, mesmo quando esta o agarrava com todas as suas forças.

Vislumbrando um futuro que escapa ao seu olhar, abraça, com mais força, o seu amontoado de lembranças frescas e felizes. Pois no seu íntimo sentia a dor da quase certeza de ter se fechado este ciclo de amor, que trouxe à sua vida o colorido mais intenso que a menina dos seus olhos já contemplou.

Mesmo com mãos fortes e decididas querendo quebrar este ciclo resistente, pressentia não ter forças suficientes para fazê-lo. A vida não permitiria. Este pressentimento atormentava o mais íntimo do seu ser. Era obrigada a aceitar que tudo na vida tem o seu tempo. E este já havia se cumprido, mesmo ela não querendo aceitar este fato.

Não era justo um imenso amor assim ficar apenas tatuado em lembranças. Afinal a vida pulsa em suas veias e nas dele também. E, ambos continuam apaixonados.

Distraída, Maria puxou o fio do início da meada desta história e passou a fitar um longo filme, onde ela é protagonista. Como fora feliz! Quantos risos! Quantas paradas em pontos de encantos! Quantas pontes construídas no meio de estradas sinuosas.

Um riso, cúmplice, aflorou em seus lábios. Sentia-se uma garotinha de apenas 15 anos sorvendo, em goles fartos, a sua primeira paixão. Nem se importava se já havia percorrido uma longa estrada na vida, afinal a paixão subtrai o tempo. E, este se fez tão generoso em suas mãos, nos seus momentos de amor. Tão intenso, que minutos se transformavam em séculos. Séculos de felicidades respingada nos amantes.

Amantes que um dia, sem perceber, se descobriram assim.

Era uma tarde morna de verão, ela podia vê-la pelas frestas de sua janela. Num toque singelo ao dedilhar um teclado, palavras se encontram, se tocam e enamoram-se. Passam a se procurar desajeitadas, ressabiadas, mas insistentes! E, os encontros das palavras passaram a ser rotina na vida de dois seres conectados por um fio extensivo ao coração.

A emoção se fez manto encobrindo o mundo real que os separava. Vidas distintas, árvores frutificadas e enraizadas em campos diferentes.

Mas o destino laçou-os, inseparavelmente, quanto seus olhares se tocaram. Sucumbiram aos desejos há tempos enrustidos. Suas bocas calaram o mundo de sonhos que os envolvia. Assim, o sol raiou clareando o momento e o resto de suas vidas. Era possível sentir, tocar! E, como se tocaram, trocaram juras e recantos de amor. Cada encontro, delírios de paixão! E, na circunferência da vida os pontos de encontro se tocaram, fechando um ciclo de amor.

O amor não morreu, nem morrerá, é para sempre! Permanecerá aceso no olhar, na pele, no riso que não cessa e nas lembranças que Maria acaricia.

E, será um amor para recordar.

sábado, 2 de julho de 2011




TRAVADA PELA SAUDADE


Bem sei que nos últimos meses ando meio parada. Tão quieta no meu canto. Pareço até estar escondendo-me de mim. Se é que isso pode acontecer – esconder-se de si mesmo – para não ver ou sentir o que se passa ao redor.


Mas não precisei de esforço algum para me dar essa resposta. Na verdade estou travada. Travada pela saudade que sinto de você. Sinto falta do riso em teu olhar, do beijo que me serve de combustível, do toque de tuas mãos dedilhando meu corpo. Este tão acostumado às suas carícias, que, por não tê-las, está esquecendo do sol que brilha lá fora, enquanto permaneço no escuro do meu ser vazio. Vazio de você.


Estou vivendo apenas de recordações de nós dois. Chego até a sentir o calor de nossos corpos suados de prazer, o gosto dos beijos molhados, apaixonados. Passa em minha tela do pensar o filme de uma história longa e bela que não teve a pretensão de acontecer. Mas aconteceu! Porque coração é chão que não se pisa. Portanto, não temos nenhum controle sobre ele. O que nele acontece vai muito além da razão. Pois é impossível trilhar caminhos da razão quando surge tão forte uma emoção, capaz de nos fazer flutuar com os pés no chão. Emoção que te faz rir sem um motivo aparente. Mas você rir de felicidade e de si mesmo. Vendo-se como uma adolescente que conheceu o seu primeiro amor e deixou-se roubar o seu primeiro beijo tímido. Mas sabendo que muitos outros viriam e todo seu corpo pedia por isso. Enquanto sua alma enchia-se de encantamento que escorria pelo seu olhar brilhante.
E vieram outros tantos encontros. Cada um mais especial que o outro. Encontros cheios de risos, encanto, amor... Fazendo a vida se encher de cor.



As cores persistem a cada novo amanhecer, mas a saudade se faz tão forte que trava um coração apaixonado, que almeja dividir cada segundo respirado num mesmo espaço. Porém este espaço vai se espaçando, sendo preenchido por um rio de saudades que sangra de um coração apertado sem forças para obstruir esta sangria.


E, assim a vida passa. Corre tão ligeira que muitas vezes perdemos suas rédeas e quando as encontramos, tentamos afixá-las nas mãos, como se assim o tempo amenizasse um pouco a sua carreira e possamos destravar o coração num abraço apertado, que a vida nos deve.