Não gosto de falar em tristezas, apesar de saber esta ser o oposto da alegria. Portanto, faz parte das dualidades da vida.
Entretanto, por mais difícil que o mundo se apresente para mim, eu o vejo com olhos de esperança, fé e muita alegria. Mas em virtude da realidade que me rodeia algumas coisas venho deixando de fazer, especialmente assistir TV, uma vez que cada canal que ligo sinto o sangue espirrar em minha sala e não gosto de navegar em mar vermelho violência. Minha praia é outra, azul cheia de paz.
Entretanto, por mais difícil que o mundo se apresente para mim, eu o vejo com olhos de esperança, fé e muita alegria. Mas em virtude da realidade que me rodeia algumas coisas venho deixando de fazer, especialmente assistir TV, uma vez que cada canal que ligo sinto o sangue espirrar em minha sala e não gosto de navegar em mar vermelho violência. Minha praia é outra, azul cheia de paz.
Quando o mar vermelho dá uma trégua, esparrama-se pelo piso da minha casa uma sangria desatada de águas turbulentas, onde passam boiando pessoas, móveis, animais, entre outros, num rio que tem como nascente a minha TV e sai em busca de sua foz pela porta da minha sala. Em seguida, começo a sentir um cheiro terrível de fumaça dos incêndios e queimadas retorcendo as nossas matas, ou melhor, o pulmão do mundo. Daí a pergunta: Como respirar? Peço uma pausa pra tossir, engasguei! Agora sinto outro odor desagradável. Esbarro em crianças consumindo crack. De tão lombradas, dispensam a porta e saltitam pelas janelas, sorridentes em transe psicótico. Meus ouvidos captam um silêncio profundo que é rasgado por um choro copioso. Aos meus olhos dançam crianças sem sorrisos pintados no rosto. São vítimas do silêncio provocado pela violência dos adultos que abusam sexualmente, levando suas inocentes infâncias. Ouço gritos de desespero e desrespeito em famílias esfaceladas. O amor se transforma em dor. Num canto da minha sala uma menina encolhida por falta de acolhimento, carinho e atenção carrega em seu ventre imaturo o fruto de sua inocência perdida. Vai ser uma menina mãe! Lentamente passa uma canoa com um ser meio bicho, meio homem, pescando num rio de lama e poluição. O seu fedor fica impregnado nas paredes de minha casa.
Ah, mas nem tudo estar perdido há senhores bem vestidos na minha mesa de jantar rindo à toa, refestelam-se com a miséria humana, uma vez que estes sanguessugas surrupiam os direitos dos cidadãos brasileiros. Com uma vassoura gigante tento colocá-los para fora de casa, mas são piores que sapos, voltam. E continua a algazarra que termina em baixaria.
Meu Deus, tudo isso acontecendo em minha casa e eu assistindo passivamente.
Desligo a TV, a vida tem muito a oferecer, outras programações. Pego lápis e papel e começo a escrever. Escrevendo lanço mão dos meus dissabores, me empenho na positividade e como uma criança, de olhos brilhantes, acredito um dia assistir, em minha TV, programas que encham minha casa de amor, paz, felicidade perfumando o ar que respiro.
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