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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Loucuras a cinco (Retorno do encontro de recantistas em Natal/RN)


A semana apressou-se em passar. Segunda-feira adormeceu e num pulo, amanhecemos na sexta-feira. Hora de voltar pra casa após momentos maravilhosos de estudos e criação de laços afetivos. Uma diária num hotel, geralmente, fecha às 12:00h, então o remédio para não deixar pertences lá, seria começar a arrumar as malas, mesmo que de contra gosto. Não que voltar pra casa seja ruim, mas estender nossa estada um pouco mais num ambiente tão agradável nos faria mais felizes.
Mas como tudo que é bom dura pouco, por isso devemos espremer ao máximo aproveitando, vamos ao retorno a caminho de casa. Éramos quatro mulheres animadas e divertidas, cheias de responsabilidades esperando-nos no lar. Estender mais nossos momentos de descontração se fez verbo. Foi quando percebemos a noite se aproximando a passos largos e o percurso de volta bem extenso. Aí, veio à indagação: e se um pneu furar? Ninguém sabia, nem queria aprender a trocar. Aliás, ao meu ver, mãos de mulher não são para serviços grosseiros, especialmente as minhas que conservo unhas grandes. Não contei conversa. Em minha sala de estudos sobre o Plano de Desenvolvimento da Educação, havia apenas uma figura masculina e, por coincidência, meu conterrâneo. Isto para mim não era apenas coincidência, mas sim uma oportunidade a vista.
Claro que sem nenhuma intenção convidei-o para viajar conosco. Este aceitou prontamente, o que me deixou animada.
Saímos do hotel por volta das 14;30h diretos ao shopping Midway Mool para comprar os presentes para os filhos. Ora, mãe ausente uma semana e chegar em casa de mãos abanando não seria perdoada. Afinal para que servem as mães? Para mimar e babar as crias. As minhas são lindas, inteligentes, estudiosas, responsáveis, humanas e com todos os defeitos da adolescência. Essa parte pula porque, às vezes, me deixam louca, mas sobrevivo.
Despedimo-nos do shopping e seguimos viagem para Mossoró, cidade do sol, sal, petróleo, águas termais... e minha cidade. Imaginem quatro mulheres juntas após tanto movimento na semana de estudos. Rolou de tudo, principalmente sobre homens. Mulheres casadas também falam em homens abertamente sem medo de serem castigadas, ora bolas. Uma zona, e o pobre do William, meu convidado, ouvindo tudo, tímido.
Em nome da presença masculina sugeri que mudássemos de assunto e começássemos a cantar, uma vez que por ter sido roubada quatro vezes, não ponho mais som em meu carro. Vida moderna, fazer o que? A modernidade vem com seu kit completo. Foi quando ecoaram vozes desencontradas em melodias de roedeira: Roberto Carlos e toda a jovem guarda. Claro que hoje temos belas músicas, mas os neurônios de quarentonas e cinquentonas não conseguem mais decorar uma letra inteira. O jeito foi cantar as que aprendemos quando adolescentes. De vez em quando uma parada para descansar a cabeça do William e discretamente perguntávamos se ele queria descer.
Maldade, descer na estrada escura, o jeito era aguentar as toadas, desentoadas. Lá pelas tantas o William quis contribuir com dinheiro para o combustível. Eu logo recusei, imagina se dinheiro era o nosso problema. O problema pode ser outro. Ele ficou de orelhas em pé. E eu que ainda não aprendi a ficar calada (tenho língua solta e atrevida) coloquei que não sou essa pessoa bondosa que estava parecendo. Na verdade o convite para dar-lhe uma carona tinha um motivo bem pertinente. Ele ficou só esperando a minha conclusão.
Foi quando falei que, na vida, há jogo de interesses e o meu interesse em trazê-lo conosco foi pensando num pneu furar, e, lógico quem iria trocá-lo? Ele, claro. Um homem entre as mulheres. Todos caímos na gargalhada, mas sei o William ficou rezando baixinho aos santos para este fato não ocorrer.
Já em Mossoró, ele foi o primeiro a chegar em casa e logo foi dizendo que havia se livrado da troca do pneu, mas a viagem não havia acabado. Falamos pra ele não ficar tão alegre porque se isso acontecesse, ligaríamos para o mesmo arranjar uma moto táxi para resolver nosso problema. Riso geral.
O bom de toda essa aventura é que agregamos mais um amigo ao nosso grupo. Éramos quatro loucas, agora acrescido de um louco, pois no fundo, apesar do medo que sentiu, ele adorou nossa viagem.
Valeu William pela companhia agradável e por aguentar a zoeira de mulheres felizes e de bem com a vida.

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