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domingo, 25 de outubro de 2009

PEDAGOGIA DO AFETO




No decorrer de sua história a educação brasileira tem passando por fases significativas de mudanças. Esta, fruto de uma pedagogia tradicional, com origem na doutrina dos jesuítas, permaneceu muito tempo com idéias puramente positivistas, onde o aluno era apenas um receptor de conteúdos prontos, transmitidos pelos professores. Por volta do século XIX surge a Escola Nova, com base na teoria educacional de John Dewey. Que propunha dá mais ênfase a ação do que a teoria. Portanto, a pedagogia da ação. Com o intuito de valorizar a experiência do aluno.
Com a ausência da escola Nova, que fracassou, surge a pedagogia tecnicista, com o desenvolvimento da indústria. Com base nas ciências e nas técnicas, onde cada aluno era visto como ferramenta de trabalho específico. Portanto, uma pedagogia com tendências muito voltadas para o positivismo. Podemos assim dizer: uma versão moderna da escola tradicional. Já nas décadas de 50 e 60 foram marcadas pela alfabetização de adultos com a pedagogia da libertação, de Paulo Freire. Pedagogia essa que veio clarear muitas mentes educadoras que passaram a ver possibilidades onde habitavam cinzas. Entretanto, nos dias atuais, mesmo com as mudanças políticas, tecnológicas, sociais, comportamentais... a educação ainda é ministrada com base tecnicista, cuja metodologia é autoritária e antidemocrática.
Percebe-se que apesar destes avanços, de se ouvir dizer que a escola é um direito de todos e dever do estado. Esta, na prática, permanece seletiva e excluidora, como sempre foi. Uma vez que usa uma medida só para todos os alunos, o que desrespeita a individualidade do ser. Daí, o triste e preocupante resultado: a cada ano, grandes escolas fecham salas de aulas. E a pergunta solta no ar: para onde estão indo seus alunos? A resposta é arrepiante: estão nas bocas de fumo tentando sobreviver. Pois a única oportunidade que têm de mudança de sua história de sofrimento é a escola. E esta, sem perceber, lhes fecha as portas.
Com isso, não quero dizer que desconheço todo o sistema político, econômico e social em que a escola está inserida. Sei perfeitamente que a escola é apenas uma engrenagem neste grande contexto. Entretanto, é a escola responsável pela formação de mentes humanas por trabalhar com o conhecimento formal. E, o que observamos é que o sistema ideológico político é tão bem emaranhado que, nós educadores, acabamos sendo arrastados por ele, conformados. Acreditamos que a vida é assim mesmo e não podemos nada fazer. Enfim, ficamos em cima do muro, sem assumir a nossa verdadeira responsabilidade: abrir mentes e educar para a cidadania.
Sei a importância de todos os profissionais para o desenvolvimento de um país. E, o mais interessante é que cada um deles, só se torna profissional se passar por mãos de vários educadores. Daí, eu considerar que temos capacidades suficientes para plantarmos a semente de libertação da cegueira humana em muitas mentes.
Com isso quero chegar ao titulo deste texto: pedagogia do afeto. É esta minha bandeira de luta enquanto puder ser educadora e gente. Precisamos olhar cada aluno que adentra nos portões escolares com um olhar específico e extremamente acolhedor para que este se sinta motivado a voltar todos os dias em busca de sua arma de libertação: o saber. Ao invés de estar usando a mão como arma para se destruir com drogas ou assaltando a mão armada.
Essa mesma pedagogia poderá ser chamada de: pedagogia do respeito; da dignidade; da valorização do ser; da paz. Não importa. O fato é que há uma necessidade social gritante desta pedagogia ser posta em prática enquanto há tempo para sermos educadores. Pois, do jeito e com a rapidez que as coisas estão caminhando nossa escola está prestes a fechar definitivamente suas portas por falta de competência em realizar a sua missão de educar.
Fácil sei, não é, mas já pude constatar várias vezes, em questão de semanas o aluno carimbado de “mau”, se transformar em um ser humano doce e carinhoso. Isto apenas usando a pedagogia do afeto. Com isso não significa dizer que devemos passar a mão na cabeça e dizer amém pra tudo que o aluno faz. Mas sim, olhá-lo com os olhos do coração e demonstrar que acreditamos em seu potencial, enquanto vamos lhe apresentando regras disciplinares.

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